26 de junho de 2011

História da cepa Carmenère



Ela é a cepa emblemática dos últimos anos no Chile. O solo e o clima da zona central do país adotaram-na como se ela tivesse nascido ali, uma casta de cor vermelho púrpura, aromas de ameixas pretas, groselhas maduras e taninos suaves. Referimo-nos a Carmenére.
Originária de Bordeaux, foi amplamente cultivada no início do século XIX nas regiões do Médoc e de Graves. Em 1860, um desastre atingiu os vinhedos franceses, pois foram atacados pela filoxera, um inseto minúsculo que afeta a raiz e as folhas sugando a seiva das videiras.
Apenas alguns países puderam se salvar desta praga, entre eles se destacam o Chile, Chipre e algumas partes de Portugal. Depois deste episódio, os vinhedos franceses para sobreviver e conviver com esta praga, tiveram de enxertar suas videiras em raízes de vides americanas, não afetadas pela filoxera. Como a Carmenére não deu bons resultados na enxertia, ela foi lentamente desaparecendo do território francês e do resto do mundo. Naquele momento, a Merlot tomou o seu lugar e começou a dar ótimos resultados, principalmente em Bordeaux.

Os vinhedos chilenos desfrutam de uma grande vantagem em comparação com o resto do mundo, uma vez que têm barreiras geográficas que os isolam de pragas e doenças. Ao norte, fica o Deserto de Atacama; no leste, estão os Andes; ao sul, camadas de gelo da Patagônia e suas geleiras; e finalmente a oeste, estão o Oceano Pacífico e a Cordilheira da Costa.
As uvas Carmenère foram introduzidas no Chile junto com outras variedades bordalesas em meados do século XIX, quando o país começou a substituir as antigas vinhas espanholas pelas nobres cepas francesas, com destaque para a cepa "Merlot", que ao longo dos anos sempre amadurecia tardiamente.
Durante a década de 1980, todos achavam que a Merlot tinha se adaptado ao solo nacional, mas em 1994, o ampelógrafo francês Jean-Michel Boursiquot disse que o "Merlot" chileno não era nada mais nada menos que "Carmenère". Finalmente, com uma sofisticada análise de DNA, Boursiquot confirmou sua importante revelação. Esta notícia, de grande impacto no mundo do vinho, foi o ponto de partida para levar a Carmenère para o que ela é hoje: um símbolo do vinho chileno.

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